Liberdade começa com a coragem de assumir quem é
- Laís Monteiro
- 5 de abr. de 2017
- 3 min de leitura
Ei! Precisamos conversar... Esse texto vai ser um pouco longo, então aproveita e pega um café, pois precisamos bater um papo sobre transição capilar.

Há três dias fiz um BC, na linguagem do mundo cabelistico, essa sigla significa "grande corte", não entendeu nada né? Vou explicar...
Há cerca de um ano eu decidi parar de passar química no cabelo e então, entrei para o processo chamado transição capilar. Para quem não conhece transição é o período de crescimento do cabelo, quando uma pessoa decide parar de utilizar química e deixar o cabelo natural. O processo é longo, pois seu termino vai depender do tempo de crescimento do cabelo.
Com seis meses de transição eu fiz meu primeiro corte, para amenizar a diferença da raiz que estava mais grossa, para o cumprimento do cabelo que por consequência da química era mais ralo. Há dois meses fiz o segundo corte, esse mais radical, pois já passei para o curtinho mesmo, e agora o famoso Big Chop ou grande corte.
Mas porque isso tudo? Vamos lá... O cabelo para mim tem uma ligação direta com minha identidade. Acho que para toda mulher, nós estamos sempre em luta com nossas madeixas, descolore, pinta, hidrata, estica, puxa... No Brasil a indústria de cosmeticos é um dos setores que mais cresce, não é para menos né?
Eu comecei a passar química no cabelo aos 7 anos, perturbava minha mãe pois queria ter o cabelo liso igual aos das minhas amigas do colégio. Quando entrei na adolescência fiz progressiva, não me adaptei e um tempo depois passei pela primeira transição, porém para começar a passar uma química de cabelos cacheados, utilizei essa química desenvolvida por um salão especializado em cabelos afros durante 10 anos.
O fato é que eu nem me recordava de como era realmente cabelo, qual era a textura, qual o tipo de cacho. Chegou a uma etapa da vida que eu senti a necessidade de me descobrir, de me entender e isso passava também pelo processo estético e capilar, por isso iniciei a transição. Agora após um ano criei coragem e retirei toda a química do cabelo. Nesses três dias após o corte evitei me olhar no espelho, me senti estranha. Hoje acordei e decidi me encarar...
Eu sempre falei de transição, de aceitação, mas quando se vive na pele o peso é bem maior. A transição é um período difícil e tendo em vista que a maioria das vezes outras pessoas não compreenderem que é uma fase de mudança, que durante este período os cabelos têm grande tendência de ficar sem forma, com texturas diferentes e que isso impacta no humor, na estima e em diversos sentimentos da mulher, até porque o cabelo é um fator importante na construção da autoestima.
O que quero chamar atenção com esse texto é que assim como eu, outras pessoas podem estar passando pela transição, quero dizer que quando a pessoa decide mudar qualquer coisa em sua vida é porque já não está satisfeita com a situação que está, todo processo de mudança é difícil, estar acostumado com algo e mudar sempre gera algum transtorno, tem a fase de adaptação e por ai vai.
Eu tinha a plena certeza do que queria fazer, agora estou me encarando, estou me aceitando, estou me acostumando. Abandonar a química é um ato de coragem, e de uma certa forma é romper com uma ditadura e padrões de beleza.
Agora é cuidar, amar e já já meu esperado black power vai tomar todo espaço dessa foto aqui
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