Dia da Luta Contra Discriminação Racial: levantar e andar é nossa única opção
- Jornalista: Laís Monteiro
- 22 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
“Quem costuma vir de onde eu sou, às vezes não tem motivos pra seguir. Então levanta e anda, vai, levanta e anda, vai, levanta e anda. Mas eu sei que vai, que o sonho te traz, coisas que te faz prosseguir. Vai, levanta e anda, vai, levanta e anda, vai, levanta e anda, vai, levanta e anda!”.

Sempre vejo pessoas negras publicando ou cantando essa canção do Emicida, e talvez hoje, uma semana após o assassinato que abalou muitos de nós e sendo também o Dia Internacional da Luta Contra Discriminação Racial, ouvir ela seja mais que necessário.
Levantar e andar, sempre foi a única opção que tivemos. Juntar nossos próprios cacos, erguer a cabeça e tentar nos manter de pé para que todas essas desgraças não tirem nossa sanidade mental e nos faça desistir.
O dia 21 de março foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), como o Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial. O motivo foi mais do que simbólico, deu-se sob lágrimas e sangue, literalmente. Em 21 de março de 1960, 69 pessoas foram assassinadas e 180 ficaram feridas após um protesto pacífico contra a Lei do Passe que obrigava negros a usarem uma identificação descrevendo lugares onde podiam circular; cerca de 20 mil pessoas participavam da manifestação na cidade de Sharpeville em Johanesburgo – África do Sul, quando a Polícia Sul Africana conteve o público com tiros e rajadas.
Após cinquenta e oito anos a nossa realidade não mudou. Os espaços de circulação de negros ainda são determinados e quando conseguimos entrar em espaços de poder, calam nossa voz com tiros. Depois diminuem nossa dor, nos amedrontam, tentam nos fazer desistir. O plano não mudou!
Eu não sei quais ensinamentos sagrados parte da humanidade anda lendo ou aprendendo, mas ando bem assustada com tudo que está acontecendo e com a quantidade de pessoas próximas tem reproduzido discursos de ódio contra negros. É assustador.
Em um momento em que a gente parece não saber para onde ir, apesar de saber muito bem onde queremos chegar, percebemos que nossos únicos aliados somos nós. E pelo visto sempre será nós por nós! Não recuaremos. Sempre vamos levantar e andar!
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