top of page

O mito da aceitação das pautas negras pela mídia

  • Jornalista: Laís Monteiro
  • 23 de jul. de 2018
  • 2 min de leitura

Sempre que afirmam que a mídia está produzindo mais pautas voltadas para população negra, ressalto que não está produzindo, e sim replicando pautas que nós, negros, produzimos.

Recentemente a RP Taís Oliveira, fez uma publicação sobre Nappy , o banco de imagem com fotografia de pessoas negras. Em seguida, a publicação foi replicada pelos portais Adnews, Hypeness e Blogcitários, sem menção à curadoria de Taís e utilizando a mesma imagem utilizada por Monique Evelle em seu blog.

Isso mostra que a maioria das notícias que estão sendo replicadas são produzidas por nós, por meio dos blogs e sites de conteúdos negros e depois que gera engajamento, a imprensa branca se apropria.

O fato é que essas ações contribuem para a falta de representação negra no jornalismo. As grandes redações não contratam profissionais negros que estejam atentos as nossas pautas e produzam conteúdo voltados para nós, porque é mais fácil pegar um conteúdo pronto, que já teve engajamento e reproduzir. O conteúdo ganha mais notoriedade por serem veículos maiores, lógico! Mas nosso trabalho quando terá retorno? Quando seremos efetivamente remunerados pelo nosso serviço?

Quando produzimos algo temos sempre o trabalho de sermos criativos, inovar no conteúdo, pesquisar referências, analisar, provar com dados e estatísticas. Pois se não houver movimentação da nossa parte, a gente continua no esquecimento de sempre, as nossas pautas continuam no anonimato. Se o objetivo do jornalismo é prestar um serviço à sociedade, esse serviço está sendo prestado somente para menos da metade da população.

Está realmente havendo inclusão midiática dos negros? Se há exploração das pautas negras e nós continuamos fora das redações? Se as pautas são replicadas, ou quando são produzidas, são feitas por pessoas não negras, que não as exploram como deve e acabam prestando um desserviço, porque não estão em seu lugar de fala.

Não é inclusão por direito, é inclusão por pressão. Porque nós, negros, estamos nos movimentando para sermos pautados. Nosso trabalho sempre é dobrado, produzimos e não ficamos com os créditos das produções. Lembra que foi assim que construímos o Brasil? E hoje não temos direito a nada.

Quanto a nós, negros, temos que repensar quais as plataformas de conteúdos estamos fortalecendo. UBUNTU!


 
 
 

Kommentare


© 2023 por NÔMADE NA ESTRADA. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • b-facebook
  • Twitter Round
  • Instagram Black Round
bottom of page